domingo, 15 de agosto de 2010

Campanha do Quilo - Generalidades

A Campanha do Quilo constitui uma das atividades mais nobres realizadas pelos espíritas. Existem notícias de tal atividade desde os primórdios da segunda metade do século passado, o que significou uma verdadeira revolução e mudanças de costumes, já que o centro espírita era tradicionalmente fechado em si mesmo, e as ações externas, além de restritas, sofriam um julgamento equivocado do público em geral.

Com uma certa timidez, algumas Casas Espíritas, naquela época, realizavam visitas a enfermos com aplicação do passe de magnetismo humano-espiritual e, como os resultados fossem auspiciosos, houve um encorajamento dos espíritas para a vivência dos ensinos do Cristo, corroborados por Allan Kardec: A fé sem obras é morta; fora da caridade não há salvação!

Hoje inúmeras Casas realizam a Campanha com regularidade, aos sábados ou domingos, exatamente pela facilidade de arregimentar tarefeiros ou voluntários tanto como pela possibilidade de encontrar os moradores em seus respectivos lares.

Essa é das tarefas primeiras a se recomendar ao iniciante espírita! Tão logo o freqüentador se identifique com a Casa e alcance relativo padrão de harmonia interior, desde que manifeste desejo e se disponha a atender as normas explicitadas, estará apto a participar de tão sublimada atividade espiritualizante. Não se exige desse tarefeiro profundos conhecimentos doutrinários e evangélicos, nem tampouco atestado de bons antecedentes morais, até porque a maioria de nós está à semelhança do filho pródigo, isto é, o Senhor da Vida nos dignifica com oportunidades de reparação dos nossos equívocos pretéritos e construção de um futuro mais feliz. O hoje é então a oportunidade inadiável!

A Campanha do Quilo atende, em simultâneo, duas missões características do Centro Espírita: a de OFICINA, pelo trabalho assistencial propriamente dito; a de TEMPLO, pela dilatação dos limites físicos da instituição, irradiando-a até os lares visitados.

Como Oficina: vários trabalhadores deixam a comodidade dos seus lares, o prazer do divertimento nos clubes ou dos passeios nas granjas, para carregarem, nas mãos, sacolas ou fardos, deslocando-se para aqui ou acolá, muitas das vezes em árduas caminhadas, enfrentando situações inesperadas e de perigo; para recolherem de corações generosos a barra de sabão, o quilo de feijão, o pacote de arroz, o macarrão, a moeda, etc., até um pedaço de pão.

O tarefeiro da campanha do quilo, retorna alegre e descontraído, sabendo que os produtos arrecadados serão cuidadosa e criteriosamente guardados na despensa, por ele ou outros tarefeiros. As sacolas, análogas às cestas básicas conceituadas popularmente, conterão o indispensável para atender as mínimas necessidades de famílias carentes, previamente cadastradas, e que vivem em estado de exclusão social.

Ele se rejubila por ser um instrumento dos Céus para auxiliar os desprovidos do conforto material. Lembra-se ele da afirmação carinhosa do meigo Rabi da Galiléia:

“Vinde benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e fostes ver-me. Então perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus, 25 de 35 a 40).

Como Templo: a partir do momento em que uma ou mais equipes se distribuem para várias regiões da cidade, configura-se aí algo à semelhança de um Centro Espírita ambulante: levam-se a cada lar visitado as vibrações imanentes e características da própria Casa Espírita. É o odor de Jesus a espalhar-se, e nem um propósito outro que o desejo de servir toca a alma do tarefeiro. Ele está impregnado do sentimento de solidariedade e será instrumento para outros também praticarem a solidariedade! A alegria cristã a vestir sua alma estancará, ainda que momentaneamente, emoções controversas de muitos que receberem o seu cumprimento cordial. Uma Casa Espírita que se irradia e se dinamiza; é um templo vivo, penetrando a intimidade dos lares onde um coração servidor bate e se apresenta!

Aspectos Morais

Essa tarefa tão meritória do ponto de vista espiritual enseja conquistas morais de alta relevância, nem sempre registradas pela nossa percepção vulgar. Alguns sensos são desenvolvidos no tarefeiro em causa, principalmente os da humildade, da solidariedade, do respeito e da benevolência.

Este servidor do Bem é também agente de transformação de muitas criaturas conclamadas a doar, aguardando estas somente uma oportunidade, um aviso, um empurrão para darem novos rumos a sua trajetória existencial, sendo preciso, pois, ao companheiro levar as marcas do Cristo para o interior de cada lar visitado.

Aquele cujo coração irá ser sensibilizado, quando da visita da Campanha do Quilo, internaliza no seu imo o embrião de futuras aquisições, todas nascentes do gesto da caridade induzida! Poderão despertar nele o desejo do gesto futuro de caridade espontânea; da reflexão quanto a sua relação com o semelhante; da busca de novos roteiros para dar nova motivação e alegria a sua vida; da revisão da própria conduta no meio familiar, buscando o verdadeiro significado da existência terrestre.

Aspectos Espirituais

Tão importante quanto ofertar o mantimento ao corpo físico do irmão que sofre é levar uma parcela de luz a tantos lares que jazem em trevas profundas, onde muitos são ricos de moedas, mas pobres de paz. Esse é um quadro muito comum aqui na Terra. A paisagem exterior, retratando beleza e conforto, nem sempre reflete os sentimentos íntimos das criaturas albergadas nas moradias terrestres. É comum, mesmo diante da abastança, depararmos com lares tristes e almas angustiadas, depauperadas vivendo dramas e padecimentos morais inimagináveis ao observador comum. Acresce-se a isso a dissonância entre os seus membros e situações de maior ou menor gravidade no campo das doenças obsessivas.

São incontáveis os lares do mundo, vergastados por dor invisível que os recursos terapêuticos da medicina tradicional não consegue debelar. São dores agudas despontando de dramas morais com causa no pensamento infeliz, na palavra insensata e na atitude cruel do ontem.

O tarefeiro da Campanha do Quilo nem sempre é sabedor da sua missão ao contato com esses infelizes ocultos.

Recolher doações nesses domicílios será mero pretexto. A espiritualidade pretende muito mais, e uma multidão de espíritos engrossa a caravana; prepara o ambiente psíquico; cuida da assepsia da trilha por onde se deslocam os servidores do bem e amortece as vibrações contraditórias dos lares a serem visitados!

Ademais, em virtude das emissões vibratórias sublimadas pelo Amor Fraterno de que se reveste o tarefeiro, enquanto é atendido, no mundo material, pelo irmão doador que oferta mantimentos que alimentam corpos desafortunados, muitos irmãos, no mundo espiritual, são resgatados de cada lar visitado, quase sempre em profundo desequilíbrio; outros, que atentos, em todo o trajeto, reconhecendo a sinceridade dos sentimentos e a nobreza da conduta do tarefeiro, pautada pela humildade, compreensão, fraternidade e bondade, abrem seus corações e confiantes na ajuda do plano superior, alimentados de propósitos regeneradores e construtivos, são levados por caravanas do plano invisível, para se tratarem nas inúmeras Casas de Jesus.

O Senhor da Vida protege todos os seus filhos, e é da lei ninguém ficar à margem do progresso. Mencionamos no início deste trabalho que a Campanha do Quilo assume o aspecto de uma Casa Espírita ambulante, isto é, o Centro Espírita vai para as ruas penetrando a intimidade dos lares.

Cada tarefeiro torna-se um médium dos céus e por ele transitam recursos, na forma de auxílio que sofre ou não registro. É da lei também que todas as criaturas se movimentem em regime de liberdade. O Senhor da Vida não impõe a transformação de ninguém.

Mensagem transcrita do site da Sociedade Espírita Casa do Caminho - Acessível por meio do link: http://www.soesca.com.br/?p=48#comments.

Texto indicado para publicação por Rosimeres Umbelino.

sábado, 14 de agosto de 2010

Recomendações de Gandhi

PARA ATINGIR A AUTONOMIA,
OS INDIVÍDUOS DEVEM CULTIVAR O SERVIR,
A RENÚNCIA,
A VERDADE,
A NÃO-VIOLÊNCIA,
O AUTODOMÍNIO E A
PACIÊNCIA.



Do livro "Gandhi" de Catherine Bush - Editora Nova Cultural - 1990.