domingo, 26 de junho de 2011

Lições sutis da Campanha do Quilo

Todos os trabalhadores da campanha do quilo são unânimes em reconhecer que há grande diferença entre as acolhidas dos contribuintes residentes em bairros pobres e dos residentes em bairros abastados. Recolhe-se mais  doações, principalmente em alimentos, dos pobres do que dos ricos.
Esse fato levou um "legionário" novato a indagar: "Por que pedimos em bairros pobres para as velhinhas do Abrigo? (na ocasião realizávamos campanha para o Abrigo Batista de Carvalho). Por que a campanha não visitamos exclusivamente os bairros ricos, ou os de classes média e alta? Parece justo que os ricos dêem para os pobres abrigados em lugar de os pobres favelados colaborarem com os outros pobres, os beneficiários da campanha".

Em primeiro lugar, redargui, a campanha do quilo tem um sentido espiritual mais importante do que o significado material.
Observe, inicialmente que a ação da campanha do quilo é apenas de pedir, sem induzir a população ao menor constrangimento. Tanto, isso é verdade, que as normas da campanha nos recomendam, que ao chegarmos à porta da casa e formos atendidos, lançemos o pedido com um leve sorriso e sendo ou não atendidos, sem mudar o semblante, agradecer em nome de Jesus. Ou seja, agradeceremos com o mesmo tom de humildade a todos, independentemente de haverem ou não contribuído para a campanha.
Por isso, ninguém deverá sentir-se coagido ou induzido de modo desconfortável ou inconveniente a contribuir com a campanha do quilo.
Os pobres, tanto quanto os ricos estão plenamente livres para ajudar ou não ajudar a campanha.

Em segundo lugar, caso os pobres não fossem abordados pelo trabalhador da campanha, poderiam sentir-se discriminados, diminuídos, incapazes de ajudar. Essa discriminação seria, sem dúvida, injusta, uma vez que as pessoas que moram nas favelas, em sua grande maioria, possuem algo para dar, uma moeda ainda que de alguns centavos, um punhado de feijão, de arroz, de farinha, uma caixa de fósforo, um pedaço de sabão, etc. A prova disso é que, como disse no início desse texto, os pobres doam com muito maior abundância do que os ricos.

Essa, aliás, é uma grande lição para quem faz a campanha. Enquando os ricos nos recebem, muitas vezes, com desconfiança, cenho carregado, como estivessem cuidadosos com seus bens, ou como se fôssemos pobres e a pobreza fosse contagiosa.

Mais que isso, os pobres são mais alegres, generosos, sorridentes e transparecem muito maior soma de felicidade do que os ricos.

Conhecemos uma senhora residente em uma vila simples de Recife. Conta ela, que certo dia, abandonada pelo marido, possuía, apenas um quilo que arroz para o almoço. Permanecia a sismar como preparar a refeição do meio dia para si própria e para os filhos, quando um legionário da campanha do quilo bateu à sua porta e pediu uma ajuda para as velhinhas internadas no abrigo. Sem vacilar, dirigiu-se ao armário da cozinha, pegou o único pacote de alimento - o arroz mencionado - e doou para a campanha do quilo. Ato contínuo, recebeu uma ligação de uma parenta que a convidava para almoçar em sua residência naquele domingo; adicionalmente, a dita parenta entregou-lhe a quantia de R$ 50,00 para atender suas necessidades imediatas.

Exemplos como este mostram que nossos conceitos nem sempre são verdadeiros. Os pobres parecem mais ricos de possibilidades materiais e de alegria interior. Assim revelam suas expressões fisionômicas.
É tocante receber pequenas doações de pessoas pobres; pobres de dinheiro, mas ricas de boa vontade.

A lição que se extrai desses fatos deveria fulminar o egoísmo de quem realiza a campanha do quilo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Bem praticado com desinteresse.

"Qual a mais meritória de todas as virtudes?
– Todas as virtudes têm seu mérito, porque todas são sinais de progresso no caminho do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. Mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem segundas intenções. A mais meritória é a que se baseia na mais desinteressada caridade."
(O Livro dos Espíritos – 1ª Edição Comemorativa do Sesquicentenário – FEB – Tradução Evandro Noleto Bezerra)

Aparentemente a campanha do quilo tem poucas lições para nos transmitir. Um estudo mais atento, porém, mostra que pequenas peculiaridades podem indicar ensinamentos grandiosos no campo do cristianismo.

A ação de pedir, por exemplo, revela-se sublime. Por volta do ano de 1978, estava incumbido de organizar a semana do legionário da campanha do quilo. A Semana do Legionário é um evento que a Escola do Quilo realiza todos os anos em homenagem à data de fundação da instituição e consiste de palestras, entrevistas, debates e atividades de campanha do quilo.

Para proferir as palestras convidei vários oradores espíritas que participam e são comprometidos com a campanha. Um deles, a quem vou chamar de Estêvão, era um cidadão de poucos recursos e desempenhava a função de servidor público da mais humilde posição na hieraquia do órgão em que trabalhava. 

Em que pese sua situação profissional e os parcos recursos que recebia para sobreviver, Estêvão era um orador brilhante. A Casa dos Humildes foi o lugar indicado para que ele proferisse sua palestra. No dia aprazado, compareceram algumas dezenas de pessoas. Muitos dos circunstantes apresentavam-se bem trajados. O orador, porém, vestia-se com simplicidade.

A exposição foi repassada de uma sublime energia espiritual. Sábios conceitos foram emitidos em tom contagiante. Certamente, Estevão veiculou uma mensagem do alto. Uma frase enunciada pelo orador, dentre tantas de grande expressividade, permanece em minha memória: “Disse um pensador: se soubéssemos quão grande valor tem uma esmola, nós nos ajoelharíamos antes de a concedermos.”

De fato, a campanha do quilo nos ensina a pedir e a doar uma moeda, um pedaço de pão, alguns gramas de feijão, de modo desinteressado e anônimo. Em outras formas de doação é comum haver registros nominativos, o doador fica conhecido, com seu nome anotado na contabilidade da organização beneficiária. Nada contra; contudo, na campanha do quilo, os doadores são sempre anônimos.

A norma da campanha do quilo dispõe que ao final dos trabalhos, a arrecadação de todos os participantes é misturada formando um só total e aí sim é registrada em um formulário. Mas o nome dos benfeitores permanece desconhecido. Muitas crianças foram educadas em creches, por anos consecutivos, graças às arrecadações da campanha do quilo. O mesmo pode ser dito sobre os lares de velhinhos. Trata-se de meritória, desinteressada e anônima colaboração em favor dos necessitados.

Podemos concluir que a campanha do quilo é a prática institucionalizada que mais estimula a prática do bem desinteressado. Felizes os que entenderem e seguirem seus ensinamentos.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Visita da presidente da Fraternidade do Quilo de Pernambuco em Caruaru

A visita noticiada abaixo foi adiada para o próximo dia 10 de julho. O evento terá lugar na AME - Associação Municipal Espírita de Caruaru.

No próximo dia 03 de julho (adiada para 10 de julho), a presidente da Fraternidade Espírita da Campanha do Quilo de Pernambuco visitará os coidealistas espíritas de Caruaru. Na "capital do agreste", Luzinete fará exposição sobre o movimento da campanha do quilo de Pernambuco. A palestra terá lugar na reunião do conselho espírita de Caruaru.

A nossa expectativa é que essa visita possa incentivar ainda mais o movimento de caridade e amor ao próximo no Agreste do Estado. Peçamos a Deus que os caruaruenses e companheiros de outras cidades próximas venham a aderir ao movimento fraterno da Campanha do Quilo.

Em frente Luzinete! Que os bons amigos espirituais, Bezerra de Mesezes, Elias Sobreira te ajudem nessa tarefa.