domingo, 27 de janeiro de 2013

Frase de Elias Sobreira

André Honorato, um trabalhador espírita, nos relatou que, há alguns anos, estava "Quebrando a cabeça" na tentativa de resolver problemas elétricos na Casa dos Humildes - instituição fundada por Elias Sobreira para amparo de idosas. Sobreira, ao observar o desafio que estava sendo enfrentado por André, disse:

"A boa vontade suplanta a técnica".

Em princípio, poderíamos interpretar como existisse uma concorrência entre boa vontade e técnica. Mas há outra forma de entender:
A boa vontade antecede à técnica.

A boa vontade pressupõe espírito de .serviço, criatividade, enfrentamento do risco, exposição à crítica, maior possibilidade de fracasso. Quem, julgue possuir técnica insuficiente, por meio da boa vontade, com o uso de ensaio e erro, procure resolver algum problema, deve dispor de:

a) Capacidade de ouvir críticas sem se agastar;
b) Vontade de servir que supere as limitações do conhecimento;
c) Resiliência - ou seja, capacidade de se recompor diante de decepções e fracassos.

Frequentemente, quem age mais por boa vontade, ainda que possua pouca técnica, envolve o coração no que realiza.

Boa vontade com pouca técnica descobre caminhos que podem conduzir à resolução do problema.
Técnica com pouca boa vontade pode manter um talento paralisado e inútil.

Mas, quando a pessoa possuiu bastante boa vontade procura conhecer a técnica.

Originalmente, é a grande boa vontade dos cientistas, engenheiros, administradores, e outros que cria a técnica. Portanto, a técnica é filha da boa vontade. Quando a técnica surgiu, sistematizou o conhecimento adquirido pela boa vontade e ofereceu-se às gerações futuras para que essas partissem de patamares superiores de ação e serviço.

É por isso que preconizamos o uso da boa vontade e da técnica nos serviços da campanha do quilo, na sua administração, na sua orientação, em seus registros, na formação de seu patrimônio intelectual e histórico. A campanha será mais eficiente quando utilizar as maravilhosas ferramentas técnicas  disponíveis, por meio da informática, da comunicação via Internet e de outros meios que Deus nos enviar.

Podemos concluir que, de fato, a boa vontade, se fosse concorrer, superaria a técnica que é sua filha. Isso, contudo, não se dá, precisamente porque a boa vontade "ama maternalmente" a técnica.

Oportuno alertar os que se julguem possuidores de muita técnica que não seria justo que a filha (técnica) menosprezasse quem trabalha motivado predominantemente pela mãe (boa vontade).

sábado, 19 de janeiro de 2013

Zé Galdino III

Como eu havia dito anteriormente, o Galdino era uma figura permanentemente fraterna, simpática, amiga. Essa condição de benevolência constante, contudo, não se acumpliciava com comportamentos incompatíveis com a moral evangélica, com a crueldade, nem com atitudes nitidamente egoísticas.

Certa feita, um dos trabalhadores da equipa da Escola Regional que ele dirigia, por questões que não conhecemos, abandonou a esposa. Ao que deduzi da narrativa do Galdino, a senhora abandonada, além de muito entristecida também passou a enfrentar forte .escassez de recursos em decorrência da separação.
Informado da situação, o Galdino não titubeou; chamou seu amigo e cooperador e comunicou-lhe:

"Meu irmão fulano de tal, eu sou muito grato aos seus esforços no sentido de incentivar a Campanha do Quilo nos centros espíritas. Tenho grande respeito pelos seus trabalhos de beneficência, porém não podemos entender que um trabalhador de Jesus abandone seu lar, sua esposa que tanto o ajudou nas horas difíceis por questões de somenos importância. É indispensável que o amigo reassuma suas responsabilidades de marido e pai.

 O interpelado ficou em silêncio inicialmente e logo em seguida declarou que havia se aborrecido por tais e tais motivos e não poderia retornar à casa.
Galdino esclareceu que esse sentimento revelava fraqueza moral e espiritual e que o irmão só poderia pregar em nome de Jesus após reassumir seus compromissos familiares. Orientou o irmão a submeter-se a um tratamento de desobsessão e evitar usar a tribuna.

O cidadão atendeu rigorosamente às orientações recebidas. Após o tratamento desobsessivo, o irmão reconciliou-se com a esposa e retornou ao lar. Nessa condição, Galdino franqueou novamente as tribunas espíritas ao cidadão.

Faz uns cinco anos mais ou memos que Galdino partiu para o mundo espiritual. Confesso que essa partida me deixou um pouco triste. Mas, como nos esclarece a Doutrina Espírita, nada temos a lamentar da morte dos homens de bem.

Recentemente, ao digiri-me à sede do Abrigo Espírita Batista de Carvalho, fui informado que alguns dos antigos trabalhadores da Escola Regional do Quilo, permaneciam, no além trabalhando pela instituição. Galdino está na posição de orientador da equipe espiritual.

Zé Galdino II

Lembro-me do Galdino relatando o resgate de uma senhora idosa que havia caído em um buraco e permanecia ali por alguns dias.

Galdino, já responsável pelo Abrigo Espírita Batsita de Carvalho, informado da ocorrência, sem delongas, reuniu alguns trabalhadores de boa vontade, resgatou a velhinha e recebeu-a com aquele amor e carinho que o caracterizava.
A senhora passou a fazer parte das internas do Abrigo.

Em outra ocasião, encontrava-se o nosso amigo pedindo em nome de Jesus, em público, para as vovós (como ele carinhosamente chamava as internas do Abrigo), quando avistou um cavalheiro impecavelmente vestido, postura sobranceira, fumava um charuto, quando Galdino aproximou-se e disse:
"Em nome do Senhor Jesus, peço uma ajuda para as velhinhas do A E Batista de Carvalho."
O interpelado esbaforiu gases provenientes da queima do charuto, lançou um olhar quase que de desprezo e redarguiu:
"Você não tem vergonha de andar por aí pedindo esmolas?" A pergunta arrojada de chofre desconcertou o nosso amigo trabalhador do quilo. Entretanto, os amigos espirituais a postos e, por meio de ondas mentais, inspiraram o Galdino que repassou a sugestão espiritual da seguinte forma: "Não tenho vergonha de fazer a Campanha do Quilo, entretanto tenho vergonha de ver uma velhinha desamparada e não fazer nada por ela."

Ante a resposta segura, de origem moral superior, o cidadão reconsiderou a negativa preconceituosa, imediatamente retirou algumas moedas do bolso e depositou na mochila que os trabalhadores da Campanha trazem para arrecadação de dinheiro. Ao que o ilustre legionário respondeu, sem o mínimo agastamento: "Deus o abençoe".





domingo, 13 de janeiro de 2013

Zé Galdino

As arrecadações da campanha do quilo têm contribuído de forma importante com a manutenção de casas assistenciais.

O Lar de idosos Batista de Carvalho é uma das que recebe a campanha do quilo por décadas.

Segundo informações dos trabalhadores do abrigo, mais ou menos no início dos anos setenta, a instituição era presidida por Bezerra de Vasconcelos, que também foi presidente da União Espírita de Pernambuco.

À época, havia muitas dificuldades para sustentar os trabalhos. Bezerra de Vasconcelos e seu filho Allan Vasconcelos eram os únicos que saíam nos finais de semana de porta em porta pedindo uma ajuda para o abrigo. Diante da escassez de trabalhadores e consequentemente da severa insuficiência de recursos, pensava-se em encerrar as atividades sociais da casa.

Por essa época, Elias Alverne Sobreira proferiu diversas palestras sobre a campanha do quilo nos centros espíritas da região oeste de Recife, onde se localiza o A E Batista de Carvalho.

Foi em uma dessas palestras que a palavra vibrante do arauto da campanha do quilo conquistou o grande trabalhador José Galdino da Silva para a atividade de pedir a quem tem para dar a quem não tem.

Galdino aderiu ao movimento do quilo e em seguida conheceu a situação precária do abrigo. Passou a cooperar com a manutenção da casa. Aumentou gradativamente sua participação e, por fim, assumiu a presidência do Abrigo. Com sua notável capacidade de agregar cooperadores ao trabalho do Bem afastou o risco de fechamento do Lar de velhinhos.

Galdino transpirava fraternidade. Tratava a todos com respeito e carinho. Sorria com vibração sempre fraterna. Por meio de nossas modestas percepções psíquicas, registrávamos um como dínamo de energias simpáticas e amigas na alma do Galdino.

Organizou, na sede do abrigo, a Escola Regional do Quilo de Jardim São Paulo. A Escola Regional funcionava semanalmente aos sábados à noite. Nessa reunião escalava os trabalhadores para visitarem as instituições espíritas dos bairros circunvizinhos. As visitas ocorriam nas reuniões públicas no decorrer da semana subsequente. Nessas oportunidades, os integrantes da Escola Regional pediam a palavra, ainda que fosse por cinco minutos e convidavam os presentes para realização da campanha do quilo que ocorreria no domingo seguinte. O representante da Escola Regional, além de convidar os presentes para a campanha, participavam da atividade do quilo no domingo marcado.

Assim, as arrecadações em favor do Abrigo atingiram níveis satisfatórios e a instituição permanece, até hoje, quarenta anos depois, sustentada pela campanha do quilo.

Galdino, apesar de pouca escolaridade naquela oportunidade reencarnatória, é um espírito esclarecido, que fazia belas preleções sobre a Doutrina Espírita e o Evangelho de Jesus, sua mensagem cativante atraiu muitos espíritas para o trabalho da campanha do quilo em favor das casas de caridade.
Era um administrador organizado. Foi tesoureiro da Escola Central do Quilo; mantinha a escrita sempre atualizada e em todas as reuniões administrativas mensais, lá estava o Galdino prestando contas. Fazia a leitura do movimento financeiro resumida, mas essa leitura sempre revelava com clareza a situação da Escola do Quilo.