segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O que leva as pessoas a fazerem campanha do quilo?

A piedade é o grande móvel dos legionários do quilo. Segundo a parábola do bom samaritano o que socorreu o homem caído foi aquele que foi tocado de compaixão.

No mundo em que vivemos, o sofrimento material, a necessidade a fome, as duras provas do abandono, são diversas vezes, visíveis para todos. Em muitas partes do nosso planeta, pessoas pobres, sofredoras, algumas vezes vencidas pelo alcool, pelas drogas, pelo desprezo dos familiares, estendem as mãos e mendigam o pão cotidiano.

Crianças que poderiam ser nossos filhos, nossos netos.... Velhinhos alquebrados sem assistência e sem carinho vagueiam nas ruas em busca de um pouso.... Enfrentam as intempéries, expostos a possíveis ações de pessoas inclementes, cruéis.

Muitos dos nossos conhecidos se queixam da sensação de incapacidade de fazer o bem. Por vezes se aproximam e oferecem uma moeda, ou, quando muito um pão, uma roupa, ou prato de sopa. Mas sabem que esses benefícios se consomem e a necessidade retorna em breve. Sabem que poucas pessoas se dispõem a abrigar os moradores de rua; a oferece-lhes teto e vida digna.

É exatamente em meio a reflexões como esta que surge o magnífico trabalho da campanha do quilo. Fundada em 1938 no Rio de Janeiro para recolher donativos de porta em porta para um lar de crianças carentes, a campanha realizada continuamente nos dias de folga, sábados, domingos e feriados, provê, quase 70 anos depois, bens de primeira necessidade a centenas de pessoas fragilizadas, de crianças, velhinhos e enfermos pobres.

Com saco branco às costas e mochila nas mãos caminha o legionário pedindo para quem tem para dar a quem não tem. Com o coração feliz, porque cheio de amor, prossegue o tarefeiro do bem. A piedade que sente pelo próximo converte-se em serviço, em ajuda concreta. As mais altas aspirações de sua alma sensível estão satisfeitas; a consciência está apaziguada.

Realizar a campanha do quilo é um dever de consciência. Realizar o dever é ter a consciência tranquila. Ter consciência tranquila, significa conquistar a Paz Interior.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Centro Espírita Deus, Cristo e Caridade de Petrolina inicia a campanha do quilo



No dia 29.9.2013 tiveram início as atividades da campanha do quilo no Centro Espírita Deus, Cristo e Caridade, na cidade de Petrolina, Pernambuco.
A implantação dessa atividade contou com o apoio de recursos oferecidos pela Internet e de telefonia. Esse é um bom exemplo de utilização da tecnologia a serviço do Bem. Ericka Marta residente em Petrolina obteve informações a respeito do processo de implantação e condução da campanha por meio de comunicações com Isoláquio residente em Recife, atual responsável pelas publicações do Blog da Campanha do Quilo e que está exercendo a função de conselheiro da Fraternidade do Quilo. Segue entrevista que Érica concedeu ao Blog da Campanha do Quilo.

Quando e como você conheceu o Espiritismo?

Tive a felicidade de conhecer essa Doutrina consoladora entre os anos de 1992 e 1993, recém-chegada para morar no bairro da Encruzilhada, em Recife-PE, fui a uma reunião pública no Centro Espírita Luz e Amor, quando uma querida amiga chamada Carine me fez o convite para participar da juventude deste mesmo Centro. Daí tive o grande prazer de fazer parte de uma juventude bem engajada, fui evangelizadora e ainda hoje me lembro com muito carinho e saudades desse tempo.

Você já possuía alguma experiência com a campanha do quilo?

Minha primeira experiência na Campanha foi ao lado de uma pessoa que tenho bastante admiração pelos trabalhos dedicados à Doutrina Espírita que é o Senhor Correia, no Centro Espírita Missionários da Luz, em Olinda, mais ou menos no ano de 2004. Apesar de já ter ouvido falar da Campanha, participar efetivamente foi muito importante para que eu pudesse contribuir minimamente com a Seara do nosso querido Mestre Jesus.

Quais as razões que a levaram a residir em Petrolina?

Vir morar nesta cidade, que eu já tenho um grande carinho, não estava nos meus planos e isso se deu no final de 2005, depois que meu esposo passou em um concurso público e sua lotação seria aqui em Petrolina.

Relate para nós como conheceu o Centro Espírita Deus, Cristo e Caridade, o que você frequenta hoje?

No início do ano passado tive a oportunidade de assistir algumas reuniões públicas, mas não dei continuidade. Quando foi no mês de junho deste mesmo ano, recebi o convite de um colega de trabalho, que na época era presidente deste Centro, para participar das palestras comemorativas de aniversário do Centro e a partir de então me tornei uma frequentadora mais assídua, comecei novamente o curso do ESDE[1] e especialmente neste grupo tive a oportunidade de fazer laços de amizades e comecei a me interessar em participar mais dos trabalhos desenvolvidos no centro.

Você, há algum tempo, realizava trabalhos de promoção social no centro espírita em Petrolina. Explique como funciona essa atividade.

Durante o curso do ESDE tive vontade de contribuir na evangelização infantil, e posteriormente na evangelização dos idosos. Em companhia da responsável por esta atividade no centro, fiz algumas visitas domiciliares aos idosos que participam deste trabalho e que são cadastrados para receber a cesta básica, com isso pude constatar a realidade difícil que cada um deles tem enfrentado no seu dia-a-dia. Muitos deles criam os netos e são os únicos provedores do lar.
A evangelização dos idosos acontece todos os sábados pela manhã e é feita uma escala de trabalhadores para estudar com eles os temas do Evangelho Segundo o Espiritismo.
Atualmente está começando um novo curso de Evangelização de gestantes, seguindo as orientações da FEB[2] e fiquei muito feliz com o convite de poder contribuir com mais esse trabalho nessa casa espírita que tanto tem me dado oportunidades de crescimento interior através do trabalho.

Como e quando surgiu a ideia de realizar a campanha do quilo?

Numa das reuniões de planejamento do Centro, conversamos a respeito de vários departamentos e quando falávamos sobre o serviço de assistência social, falou-se do desejo de aumentar o número de idosos que são assistidos. Outro aspecto que foi abordado é que entre as pessoas que chegam na casa espírita, muitas têm vontade de trabalhar, mas ainda não têm o conhecimento doutrinário necessário para desenvolver alguns trabalhos. Daí surgiu a possibilidade de implementar um trabalho como a campanha do quilo, que pudesse ser desenvolvido por qualquer pessoa, e que através desse trabalho nós pudéssemos trabalhar os valores morais e a reforma íntima que tanto a Doutrina Espírita nos convoca. Com a campanha também poderíamos aumentar os donativos para a confecção de cestas básicas e aumentar o número de idosos beneficiados.

Quais as dúvidas e receios iniciais que vocês experimentaram quando pensaram em fazer a campanha do quilo?

Nossa querida companheira de trabalho, que atualmente é responsável pelo departamento social e da infância e juventude compartilhou que uma das preocupações seria conseguir trabalhadores comprometidos para iniciar e dar continuidade ao trabalho, por isso foi sugerido que ao divulgar nas reuniões públicas essa campanha as pessoas interessadas dessem seus nomes e que a partir de 20 inscritos iríamos iniciar o planejamento da campanha. Outros questionamentos foram de como a comunidade reagiria a esse trabalho, como deveríamos abordar as famílias; em caso de um caravaneiro se deparar com alguma situação de emergência espiritual e a pessoa peça o auxilio naquele momento, como proceder e por quanto tempo se deve demorar na assistência, pode-se aplicar passes; como deveríamos distribuir as duplas, caso tenhamos muitas pessoas, pode ser feita várias ruas ao mesmo tempo, ou deve o grupo permanecer todo junto na mesma rua e só depois todo o grupo iniciar uma nova rua. Fomos procurar orientação no site da Federação Espírita de Pernambuco, e para nossa felicidade, lá estava sendo divulgado o blog da Fraternidade Espírita de Campanha do Quilo de PE a qual, na pessoa do Isoláquio tem nos dado muitas orientações e incentivado nosso trabalho. Também pesquisando na internet encontramos um material muito esclarecedor da Campanha da Fraternidade Auta de Souza que também tem nos ajudado muito.
Vocês solicitaram apoio e orientação da Fraternidade da Campanha do quilo para darem início as atividades. Essas orientações foram suficientes? Ainda permanecem muitas dúvidas?

Como descrevi acima, muitas dúvidas foram sanadas com as orientações da Fraternidade e foram suficientes para implementarmos o trabalho, mas tendo em vista que estamos bem no início, só tivemos uma campanha até agora, no decorrer na troca de experiência dos participantes outras dúvidas vão surgindo, que faz parte do processo normal de construção de um conhecimento, ou de um novo trabalho. Por isso ainda permanecemos em contato com o Isoláquio e desejando uma visita para estreitarmos ainda mais os laços de fraternidades entre nós do movimento espírita.

Vocês têm opiniões diferentes das orientações que foram fornecidas pela Fraternidade a respeito de como a campanha deve funcionar?

Não, até o presente momento. O que surge são apenas dúvidas.

Quantas pessoas realizaram a primeira campanha do Centro Espírita Deus, Cristo e Caridade de Petrolina?

Compareceram 22 pessoas para a primeira campanha realizada pelo nosso centro.

Quais, se é que houve, medos e dúvidas quando saíram às ruas?

Não diria medo, mas como todo novo trabalho, principalmente levar a Doutrina Espírita aos lares e contribuir na grande Seara do Mestre, ficamos um pouco apreensivos com a grande responsabilidade. No entanto estávamos confiantes na assistência espiritual dos mentores da casa e isso foi refletido na tranquilidade com que tudo transcorreu na nossa primeira caravana.

O que se passa nos corações e mentes quando se realiza a campanha?

O que ficou mais marcante para mim é poder ter a oportunidade de fazer um pouco, para retribuir minimamente a misericórdia de Deus em todas as expressões da vida e do amor que através da vinda do nosso querido Mestre Jesus ficou ainda mais evidenciada.

Você acha que vale a pena continuar realizando a campanha?

Tenho certeza de que a campanha deve continuar, pois nos dá uma oportunidade de praticar o amor através da caridade e com isso conseguirmos a tão desejada reforma interior, sem contar o trabalho de assistência espiritual aos lares, ao bairro e ao progresso moral de nossa sociedade pois temos um compromisso coletivo de nos amarmos e nos ajudarmos uns aos outros. Divulgar a Doutrina Consoladora de porta em porta, e também poder auxiliar muitas famílias com a contribuição material que é arrecadada.

Quais os benefícios espirituais esperados para quem realiza a campanha?

Praticar o amor (caridade), a humildade e o perdão. Acho que essas são as bases dos benefícios alcançados.

Você acha que a atividade da campanha pode trazer boas vibrações para as atividades do centro espírita?

Não tenho dúvidas que isso pode acontecer, pois um Centro Espírita não está num determinado local por acaso. Existem compromissos que desconhecemos e a campanha é uma grande oportunidade de evangelizar os lares daquela localidade, o que pode contribuir para a ampliação do número de trabalhadores encarnados e desencarnados e consequentemente ampliando os trabalhos desenvolvidos pela casa espírita.

Faça algumas considerações finais.

Acho que posso dar as considerações finais citando uma experiência muito feliz nesta nossa primeira campanha. Lendo as matérias do blog da Fraternidade uma delas me chamou particularmente a atenção que era a seguinte: Pode-se durante a campanha pedir aos pobres? Pois bem, aqui estou para dar-lhes um exemplo. Nunca me esquecerei daquele olhar. Ao abordar o lar de uma das idosas que são beneficiadas pela nossa assistência social através da entrega de uma cesta básica por mês, aquela senhora conseguiu me emocionar profundamente, ao perguntar se ela poderia contribuir com qualquer coisa. Diante disso, aquela senhora, desprovida de quase tudo, trouxe de sua humilde residência, dois quilos de alimentos, com um sorriso radiante em seu rosto demonstrando a felicidade em ajudar aos mais necessitados. Foi um dos dias mais felizes de minha vida, porque através daquela senhora, o Mestre Jesus estava ali, me ensinando a parábola do Óbolo da Viúva, resumindo toda a sua moral na humildade e na caridade.


Obrigado Ericka. Fazemos votos que a campanha do quilo que se inicia possa prosseguir por muitos anos produzindo paz, boas vibrações, conforto e estímulos benéficos para muitas pessoas.




[1]             - ESDE – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – programa de estudos do Espiritismo da Federação Espírita Brasileira.
[2]             - FEB – Federação Espírita Brasileira