Isoláquio
Vejo
um lugar longínquo, sem arranha-céus, sem asfalto. A noite, sem
luzes artificiais. Tem muitas plantas….. às vezes flores….às
vezes espinhos. São poucas as pessoas; vivem da terra, cultivam,
cansam, descansam, colhem frutos, vivem fraternalmente, são muito
felizes e inocentes.
Nunca
sonharam com outro estilo de vida. O sonho para eles está sempre
presente. Esse sonho, não é como o nosso, não está distante
deles, está com eles: é a terra que pisam, as cores que enxergam, o
aroma que respiram, o trinar dos passarinhos, o diálogo uns com os
outros….. a solidariedade.
O
amor não tem fim… não morre…. Apenas dá lugar a outros amores;
esconde-se um pouquinho, como o Sol se põe, para voltar logo mais….
Para deixar enxergar outros amores, outras estrelas.
É
como um fim de tarde nebuloso, mas que deixa transparecer a beleza
das cores do poente…..sempre que um amor se vai o céu fica mais
lindo, cada amor que se vai a beleza do céu é diferente….
Mas
quando o sol parece se apagar, quando o amor parece não mais existir
e o vazio do coração se torna mais profundo é como uma sombra que
se estende sobre o céu, uma torrente de chuva, como a torrente das
nossas lágrimas, se derrama sobre a terra…. fecundando-a.
Quando
as lágrias se esgotam as formas parecem nos fugir, a tristeza e a
decepção tentam dominar o coração, as trevas se tornam sem
nome…...enxergamos o que nos estava oculto… o céu escuro
estrelado, belo….. Quanto mais escuro, mais belo. Uma multidão de
pequenas luzes nos acenam… os planetas com seus brilhos firmes, as
estrelas com suas emissões tremeluzentes….
Cobrindo
todo o céu está a Via Láctea que só se revela para os que não
têm mais luzes neste mundo para os que se decepcionaram totalmente
com as ilusões da Terra.
Um
mundo infinito se nos revela, o sol ardente daquele lugar, cede para
uma briza suave, reconfortante, cariciosa. Novos sonhos despertam
outra vontade de viver. Mas o corpo cansado entrega-se a um leito
humilde, desprezado…. pobre.
O
espírito deixa temporariamente a forma física para lançar-se no
espaço, leve, ágil, capaz de flutuar e viajar…...até às
estrelas, seus novos amores. Irmãos, pais, filhos, netos..Tantos
amores que estavam ofuscados voltam a brilhar. As pessoas também são
dignas de amor, os sofredores, os que perderam tudo, mas que tem o
coração em processo de purificação. São os mesmos que Jesus
trazia junto de si.
Ao
aproximar-se, aqueles pontos de luz, aquelas estrelas pequeninas
agigantam-se. Aquela alma encanta-se com o tamanho, com as cores com
a energia colossal das suas ondas eletromagnéticas, com as famílias
planetárias que as cercam, com tantas humanidades que começam
embrutecidas, mas gradualmente percorrem o penoso e belo caminho das
ascensão, da iluminação….
Aquela
alma que estava há pouco decepcionada volta deslumbrada para a sua
abençoada e pequena habitação. Ao retornar, contempla o seu
planeta à distância, divisa novamente o Sol. Ali, longe da Terra
não há mais apagar das luzes.
Aprendeu
que, na Terra o amor brilha e fenece para brilhar de novo no
alvorecer, acima das folhas e flores orvalhadas. Mas ao deixar a
Terra poderá olhar seu amor numa luz perene, para sempre, num
contexto de infinito.