sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

TRANSFORMAÇÃO MORAL




"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações"

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XVII - item 4.

Abaixo publicamos uma série de cinco artigos sobre Transformação Moral. Cada um dos artigos desenvolve um dos blocos de temas abaixo.

Definição
Padrões morais a serem adotados.
Base conceitual

Base conceitual – prática
Vantagens

Autoconhecimento
Melhores processos

Beneficência

Resultados esperados
Apêndice

Em Espiritismo referem-se normalmente à reforma íntima como ação essencial, como principal produto dos ensinos espíritas. Preferimos a expressão transformação moral por entender que essa é mais precisa, mais direta.

Que definição podemos dar de Transformação Moral?

Transformação é a ação de modificar de modo significativo. O termo Moral diz respeito ao modo de ser. Portanto Transformação Moral significa emendar-se, corrigir-se, reestruturar comportamentos, condicionamentos psicológicos, elevar os sentimentos, abandonar os maus hábitos e os vícios. Enfim tornar-se um ser melhor do que era.

Quais os padrões morais a serem adotados como meta?

A Transformação Moral requer um modelo a ser atingido. Um ser ideal, perfeito que nos seja apresentado como padrão. Por ser este texto dirigido a pessoas que presumivelmente possuem conhecimentos da Doutrina Espírita, indicamos Jesus como o modelo e guia da transformação e evolução moral.

Obviamente não seria razoável pretendemos atingir de uma só vez e em apenas uma encarnação a perfeição do Mestre. Mas podemos e devemos seguir o caminho que conduz àquele modelo divino. Providência que ajuda a nos aproximar do padrão, é adotar mentores intermediários. Podemos citar como exemplos: Francisco de Assis, Paulo de Tarso, Santo Agostinho, Bezerra de Menezes e outros. A escolha de um verdadeiro discípulo do Mestre como mentor nos ajuda a perceber que é factível, possível seguir a rota do aperfeiçoamento em direção a Jesus.

Base conceitual

Além de seguir as virtudes que Jesus exemplificou e ensinou é necessário, aliás como pressuposto dessa prática, o conhecimento, o entendimento de cada virtude a visão da parte moral do Espiritismo e/ou do Evangelho. É necessário estudar as virtudes e também os vícios e suas consequências. Conhecendo-os podemos traçar o caminho a ser seguido.

Neste aspecto conceitual, o Espiritismo nos fornece verdadeiras joias de Sabedoria. Vejamos alguns trechos de O Livro dos Espíritos. Nas citações das questões propostas por Allan Kardec, abaixo, as respostas dos espíritos estão em itálico. Vejamos:

Qual a mais meritória de todas as virtudes?
Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtudes sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores.
A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade.”
(Questão 893).

Nessa resposta podemos identificar uma definição de virtude: “Há virtudes sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores.” Esse texto parece autoexplicativo, por isso, pelo menos por enquanto, não pretendemos agregar qualquer comentário.

Com relação ao vício, podemos colher outras citações do mesmo livro, para defini-lo. Observemos:

Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar, qual o sinal mais característico da imperfeição?
O interesse pessoal. Frequentemente, as qualidades morais são como, num objeto de cobre, a douradura que não resiste à pedra de toque. Pode um homem possuir qualidades reais, que levem o mundo a considerá-lo homem de bem. Mas, essas qualidades, conquanto assinalem um progresso, nem sempre suportam certas provas e às vezes basta que se fira a corda do interesse pessoal para que o fundo fique a descoberto. O verdadeiro desinteresse é coisa ainda tão rara na Terra que, quando se patenteia todos o admiram como se fora um fenômeno.

O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino.
Pelo desinteresse, ao contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro.”
(Questão 895).

O que caracteriza portanto o vício ou a imperfeição é o egoísmo, o interesse próprio e o apego às coisas materiais.

Como confirmação do que expliquei, destaco, ainda a questão 913, que vou citar apenas a pergunta e as duas frases iniciais da resposta, mesmo que toda a resposta mereça nossa melhor atenção.

Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical?
Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios
e vereis que no fundo de todos há egoísmo. [...]”

Vale lembrar que a palavra “radical” utilizada na pergunta 913, não se refere a posições extremistas e sim possui o sentido de “causador”.
A infopédia (http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/radical) informa vários sentidos da palavra “radical”, dentre os quais “relativo à raiz”, “fundamental, básico”. Podemos verificar, pelo contexto da pergunta, que a palavra é relativa à raiz e está posta no sentido de básico, fundamental.

Ou seja, os espíritos informaram que o egoísmo é o causador de todos os demais vícios.

Cumpre mencionar o orgulho ao lado do egoísmo como o vício que mais vigorosamente bloqueia o progresso por causar uma cegueira em seu possuidor a respeito das deficiências a serem corrigidas. E bloqueia tanto o progresso moral como o progresso intelectual.

Essa parte conceitual deve merecer contínua atenção das pessoas que buscam a Transformação Moral. Além de O Livro dos Espíritos, cumpre destacar como principal guia nessa busca, O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ademais, existem muitos textos de valor real que também devem ser estudados e rememorados sempre. Eis alguns:

- Demais livros de Allan Kardec;
- O Novo Testamento;
- Partes finais de Depois da Morte e de O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon Denis;
- Mensagens psicografadas por médiuns reconhecidamente de confiança, com destaque para Francisco Cândido Xavier.

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