sábado, 3 de novembro de 2012

Durante a Campanha do Quilo, pode-se pedir aos pobres?

O exemplar trabalhador do Espiritismo e da campanha do quilo, Elias Sobreira ensinava que, ao realizarmos o belo trabalho de ajuda ao próximo, por meio de pedidos públicos, deveríamos lançar os apelos a todos indistintamente. Esses pedidos devem ser dirigidos a pessoas de todas as condições - absolutamente de todas as condições.

Ouvi, quando Sobreira dizia que pede-se até mesmo aos mendigos. Pode parecer paradoxal, mas a própria dinâmica da campanha, o contato com o público, confirmam o acerto dessa recomendação.

Não raro, alguns legionários ao depararem-se com residências de condições mais modestas, saltam, receosos de causarem constrangimentos às pessoas mais pobres. Muito frequentemente, os residentes nessas casas modestas perguntam porque a campanha do quilo não visitou suas casas. Dizem que têm prazer em colaborar, ainda que seja com alguns centavos, ou um pouco de cereais, de farinha, de feijão ou uma caixa de fósforos. Acrescentam que em situações de maiores dificuldades foram socorridos pelos centros espíritas e desejam testemunhar sua gratidão.

Alguns mendigos ao se sentirem não abordados mostram-se magoados. Não sem razão. Porque nós, de classe média, por invigilância, mantemos conceitos equivocados das pessoas mais pobres. Alguns afirmam que todos os favelados são pessoas cooptadas pelo crime.

Um amigo exemplificava uma experiencia bastante elucidativa. Encontrava-se realizando a campanha, quando um grupo de menores pobres e maltrapilhos acercou-se dele, circundando-o. Tomado de susto, de receio acentuado, pensou que seria assaltado. Um dos meninos, contudo, aproximou-se e depositou pequenas moedas na mochila deste amigo que relatava o episódio. Ato contínuo os demais colaboraram com pequenos valores.

O trabalhador da campanha do quilo caiu em si, reconheceu que alimentava um preconceito de que precisava livrar-se.