Ouvi
Sobreira dizer que a campanha do quilo teria vindo antes do tempo.
Semelhantemente à apreciação que Allan Kardec fez da doutrina de
Sócrates e Platão, Sobreira quis dizer que os homens ainda não
estavam preparados para entender, praticar e manter a campanha do
quilo nos padrões de elevação moral que representam sua essência.
Não
sei se concordo com o mestre Sobreira, mas gostaria de situar e fazer
breve avaliação sobre o processo regenerador que vem se instalando
nas últimas décadas.
O
Século XX assistiu a grandes transformações na face do planeta;
impressionante evolução científica na Física, na Biologia....
Velocissimas transformações tecnológicas, políticas e sociais.
Sob pesados tributos de trabalho e sofrimento, o mundo avançou.
Além
disso, ao lado da evolução material, observamos sinais claros de
evolução moral. Se os espíritos, antes de suas reencarnações
comprometem-se a desenvolver trabalhos em favor do melhoramento
geral, tal como ocorreu com Einstein, Max Planck, De Broglie,
Heisenberg, na área moral, espíritos de escol voltam à Terra para
suavizar os costumes, reduzir a violência, fomentar a Fraternidade.
Vimos
Mohandas Karanchand Gandhi, Albert Schweitzer, Tereza de Calcutá,
Irmã Dulce, Titus Brandasma, Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e Elias
Sobreira embora aparentemente distantes, ensinaram e exemplificaram o
Amor ao Próximo.
Gandhi
envolveu multidões nas ações de desobediência civil e não
violência (ahimsa). Schweitzer embora detentor de diversos
títulos que o destacavam na civilização européia, não vacilou em
estudar medicina unicamente para combater a malária - trabalho
gratuito e até sacrificial - em favor dos nativos da África
Equatorial francesa.
Tereza
de Calcutá, na Índia e irmã Dulce no Nordeste brasileiro
dedicaram-se sem reservas ao trabalho de aliviar a dor do próximo.
Titus
Brandsma faceou corajosamente a arbitrariedade dos nazistas na
segunda guerra mundial, foi encerrado em um campo de concentração
na Holanda e perdoou seus agressores, fazendo o bem aos seus algozes
e dividindo com outros condenados sua reduzida alimentação.
Francisco
Cândido Xavier testemunhou a humildade e a caridade por décadas e
nos legou diversas enciclopédias de Ciência, Poesia,
História, Literatura, Sabedoria.... Demonstrou exuberantemente as
relações do Espiritismo com diversas áreas do conhecimento, das
artes e desvendou mais amplamente a vida após a morte.
Divaldo entregou sua vida para educar, nos processos de Jesus, milhares de crianças e de jovens na Mansão do Caminho e tem levado a todos os recantos do planeta a boa nova do Espiritismo.
E o
nosso mestre Sobreira? Modificou o panorama do movimento espírita.
Havia muito academicismo e poucas ações de amor. Antes dele,
reduzido número de espíritas; nos centros espíritas apenas os
doutores usavam a tribuna. Depois dele centenas de trabalhadores do
bem espalham-se pelas ruas de Recife e de outras cidades do Brasil em
busca de um justo apoio para as casas de caridade. Hoje são diversas
creches, lares de idosos, projetos educacionais e assistenciais
apoiados pela campanha do quilo.
Fundou
a Fraternidade do Quilo para coordenar esses trabalhos, também em
diversas localidades do Nordeste e atuou decisivamente para a
fundação da Escola Central da Campanha do Quilo do Rio de Janeiro.
Fundou
a Casa dos Humildes, uma instituição, que, segundo ele mesmo em
diversas palestras pelos centros espíritas, seria um lar para os
desabrigados; para os sem lar, sem teto. Estes, dizia, seriam
convidados para o abrigo, para receberem alimento, moradia, banho,
cuidados médicos, carinho, fraternidade.
Com
mais de noventa anos, com o título de Major da Aeronáutica,
podíamos aprecia-lo sentado em um banquinho (porque já não possuía energia de manter-se de pé) em frente ao
Supermercado "Bom Preço" de Casa Amarela estendendo o apelo da caridade
aos transeuntes.
Centenas
de espíritas, muitos hoje desencarnados, aderiram ao seu trabalho.
Vários já sinalizaram do além, mostrando-se felizes pelas
realizações de amor, viabilizadas em suas vidas pela Campanha do
Quilo.
Se Deus permitir, relatarei algumas experiências de Elias Sobreira e dos seus companheiros trabalhadores da Campanha do Quilo.