domingo, 18 de setembro de 2011

COMO FAZER A CAMPANHA DO QUILO.

A campanha do quilo é uma atividade cuja principal finalidade é educar. Educar no sentido espiritual, como Kardec a definiu em “O Livro dos Espíritos”. Educar no sentido de reduzir ou mesmo erradicar o egoísmo individual e coletivo.

Um das contribuições da campanha do quilo para a educação coletiva consiste no enfraquecimento do egoísmo. Quantas vezes nos deparamos com pessoas que não colaboram com os necessitados, fundamentadas em ideias sistemáticas. Entendem que não é correto ajudar. E, muitas vezes não estão dispostas a ouvir argumentos no sentido do amor e da beneficência.

Se não fosse a filosofia da campanha do quilo: “água mole em pedra dura tanto bate até que fura” nós desistiríamos de pedir a certas pessoas, ou em certas residências.

Lembro-me que, há alguns anos atrás, fazíamos campanha com Elias Sobreira. Ele sempre dirigia os trabalhos. Na época como hoje, por recomendação da Fraternidade da Campanha do Quilo realizávamos a reunião preparatória da campanha durante meia hora, em horário padrão: 8h00 às 8h30. Depois saíamos às ruas para “mendigar” uma ajuda para a Casa dos Humildes1.Essa mendicância acontecia até ás 11h00 quando retornávamos à Casa dos Humildes para contagem do dinheiro, estimação do peso dos gêneros, preenchimento da ata e prece de encerramento.

Durante a reunião preparatória, Sobreira fazia várias recomendações, dentre elas a que se deve pedir a todas as pessoas, mesmo aquelas que sabemos que não colaboram um dia; dizia Sobreira que a alma delas será tocada com a fraternidade e eles acabarão por ajudar. Não temamos os desaforos, as ofensas, quando alguém nos ofender, elevemos o pensamento a Jesus e nos afastemos em prece.

Nas ruas, nos dirigíamos muitas vezes à feira de frutas, verduras e cereais, que se localiza no bairro de Casa Amarela em Recife.

Havia um cidadão, que vendia tubérculos na feira – inhame, macaxeira (aipim, ou mandioca). Quando  nos aproximávamos do cidadão, lançávamos o apelo: “Em nome de Deus, uma ajuda para as velhinhas internas na Casa dos Humildes”. Ao que ele respondia: “Não colaboro, isso é tarefa do governo”. Eu, sem contestar, saía de mansinho, fazendo uma prece a Jesus em favor do irmão, conforme ensinam as normas da campanha do quilo.
Na época fazíamos a campanha todos os sábados.

No sábado seguinte, abordava o cidadão. A resposta era invariável:“Não colaboro, isso é tarefa do governo”.

O pedido e a resposta permaneceram os mesmos durante anos a fio. Eu porém, não desistia. Sabia apenas que meu dever era pedir para as velhinhas a todas as pessoas, independentemente da classe social, da opinião religiosa ou política, das aparências, das raças, das nacionalidades. A caridade é atitude universalista.

Um belo dia, o rapaz me disse, hoje eu vou dar, mas só por hoje, nem pense que mudei de ideia. Colaborou, com alguns quilos de inhame e de macaxeira.

Nas semanas seguintes deixou de colaborar, mas o trabalho de romper a barreira do equívoco, foi realizada; demandou anos para se completar. Mas o que são alguns anos em face do tempo que a alma demanda para evoluir?

Concluímos desta experiência que em nome da humildade devemos pedir a todos sem nos agastarmos com as negativas.


1Casa dos Humildes – instituição fundada por Elias Sobreira. Relembre-se que Elias Sobreira foi fundador da campanha do quilo no Brasil e fundador da Fraternidade Espírita da Campanha do Quilo.

domingo, 11 de setembro de 2011

Campanha, legionário, Bom Combate.

A designação do nosso movimento, "Campanha do Quilo", do trabalhador "legionário" e do primeiro livro sobre o tema de que tratamos neste blog, "O Bom Combate" sofreu referências restritivas por parte de alguns companheiros.

Lembram que campanha significa ação de guerra, legionário, soldado das legiões romanas e bom combate, também lembra, batalha, guerra.

Parece contraditório que uma atividade genuinamente pacífica, fundamentada no princípio do Amor ao Próximo, possa ter alguma semelhança com conflito.

Aliás, vinhamos desejando propor alterações nessas palavras. Refletindo melhor sobre o assunto, entretanto, nos veio o pensamento de que a campanha do quilo é uma ação concentrada no Bem.
Os legionários do quilo ao saírem de porta em porta pedindo uma ajuda em favor das creches e lares de idosos estão realizando um trabalho de combate; combate ao próprio orgulho.

Estão convocados a enviarem pensamentos de paz, elevarem o pensamento a Deus, mesmo em favor de quem os ofenda. Trazem a recomendação de distribuírem mensagens espíritas nos lares, nos bares, onde quer que haja seres humanos, nos prostíbulos, nos antros de criminalidade, etc. Assim, estão realizando, com o arsenal do amor e da humildade, o combate à viciação e às pesadas trevas que dominam boa parte da humanidade terrestre.

Esse percepção de que a campanha do quilo é um combate ao mal, a começar pelo mal que reside temporariamente em nossos corações, nos leva a concluir que a campanha deve ser realizada com disciplina.

Disciplina no vestir, no falar, no pensar, no sentir. Disciplina aplicada primeiro a nós próprios e quando aplicada aos companheiros, será uma disciplina amorosa. Sim, porque segundo o iniciador da campanha do quilo, Elias Sobreira, não há disciplina sem amor. É necessário atender à pontualidade e à assiduidade.

Nessa atividade de combate às trevas é preciso pedir a todos, aos ricos, aos pobres e até aos mendigos.
É preciso penetrar em todos os ambientes, nas casas, nos mocambos, nos palácios, nos prédios de apartamentos, nos clubes. Bem verdade que não vamos romper as normas das moradias sem modos. Mas é preciso comparar o legionário do quilo como a água: onde houver uma fresta, o legionário penetra.
Isto porque devemos levar a mensagem do Cristo exemplificada a todos.