sexta-feira, 14 de junho de 2013

JEAN MICHEL

O nome do nosso personagem, que é titulo dessa postagem é fictício. Qualquer semelhança é mera coincidência.

Os fatos nos foram relatados como verdadeiros.

Entrevistei Jean Michel em sua residência, com o objetivo de ilustrar os conceitos que seriam apresentados nas comemorações de aniversário da Escola do Quilo de Pernambuco que ocorreram meses depois.

Nosso interlocutor disse que havia sido padre. Encontrava-se no convento quando, certa feita, o irmão superior o abordou transmitiu a orientação:

  • Jean, escreva um artigo contra o Espiritismo.
  • Como posso fazê-lo se não conheço o Espiritismo?

O orientador, passados alguns dias entregou-lhe a Codificação Kardequiana. Jean Michel dedicou horas a fio no estudo da coleção de livros. À medida que lia e refletia, observou que os conceitos contidos naquelas obras eram superiores às suas crenças. Perlustrou com interesse crescente as páginas espíritas, até que concluiu a leitura de todos os livros.

Em seguida leu a obra “Roma e o Evangelho” de José Amigò Y Pellicer, publicado pela FEB-Federação Espírita Brasileira.

Essa ultima obra causou-lhe também viva impressão. Seu pensamento começou a receber o impacto de grande e profunda renovação. Os conceitos consolidados ao preço de longos esforços intelectuais recebiam um golpe fatal. A razão contida na Doutrina Espírita apresentava-se como uma revelação imponente – o cristianismo ganhava novo e imenso alcance. A Fé não mais se chocava com a razão. Tudo era percebido de modo harmônico. A obra divina apresentava-se como um todo coerente. As leis dos mundos físico e espiritual, poderiam sere analisadas pela razão e confirmadas por fatos.

A palavra do Cristo, pensava ele, sob esse enfoque, submeterá os mais cépticos. A mensagem espírita restaurará o Evangelho e o mostrará com um aspecto moderno, grandioso e genuíno.

Passados mais alguns dias, o superior procura Jean Michel e interroga:

  • Bom dia Sr Michel! Onde estão os artigos com as objeções contra o Espiritismo?
  • Não os aprontei, respondeu Michel.
  • Porque?
  • Não posso combater uma Doutrina verdadeira e moralizadora qual o Espiritismo.
  • O que me diz??!!
  • Sim a majestosa argumentação de O Espírito da Verdade nas obras espíritas representam o Consolador prometido por Jesus em João. Aliás os cadernos que o senhor me entregou para escrever o artigo, devolvo-os em branco e aproveito a oportunidade para devolver-lhe também a batina. De agora em diante sou um cidadão comum, não mais um sacerdote.

Jean passou a frequentar grupos de estudos espíritas. Tornou-se economista, casou-se e constituiu família.

Um belo dia, Elias Sobreira ocupou a tribuna da instituição que frequentava. Este, de modo caloroso, com vigoroso magnetismo, falava sobre as excelências da Campanha do Quilo e da caridade.
Jean decidiu aderir à tarefa de pedir a quem tem para dar a quem não tem.

Durante as campanhas, passou a perceber as vibrações de Bezerra de Meneses, de seus auxiliares e a ouvir poesias durante toda a execução do trabalho.

Certo dia, realizava a campanha em favor das internas do Abrigo Espírita Batista de Carvalho. Caminhava pelas ruas estreitas e pobres de uma favela chamada Coque. Divisou um bar. Dirigiu-se para lá, adentrou; observou alguns homens que conversavam e consumiam alguma bebida alcoolica. Abordou um dos circunstantes com educação e laçou o pedido:

“Em nome do mestre Jesus, peço um donativo para as idosas internas no Abrigo Batista de Carvalho”. O interpelado mostrou expressão de desagrado; levantou-se – tratava-se de um homem atlético e alto. Com os punhos cerrados e voz alta, ameaçou:

  • Retire-se imediatamente da minha presença homem sem valor. Desocupado, enganador. Apresse-se para que eu não arrebente seus dentes.
    Algo assustado, mas atento as orientações da Campanha do Quilo, fez menção de retirar-se em atitude humilde, quando um outro dos presentes ergueu-se – desta feita um homem ainda mais musculoso e mais alto do que o anterior; proferiu palavras em tom de ordem:
  • Volte aqui! Jean Michel guardava a convicção que sofreria violenta agressão.
    Para surpresa de todos, o homem acrescentou:
  • Esse é o Dr. Jean Michel. Homem respeitado que está realizando uma nobre tarefa. Aliás ele está pedindo para as senhoras internas no A E Batista de Carvalho, entre as quais encontra-se sua mãe – ao proferir essas palavras apontava para o homem que havia ameaçado Jean Michel. Eu sou mecânico e o Dr. Michel é meu cliente. Conheço-o muito bem. É um homem honrado. Todos aqui vão colaborar com a campanha do quilo – inclusive você... - indicou novamente o homem que havia ameaçado Jean Michel.

Todos cooperaram. Sem nenhum sinal de satisfação pela humilhação experimentada pelo ameaçador, agradeceu a cooperação de todos em nome de Deus. Prosseguiu com o trabalho de amor ao próximo sem agastamento.

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