quinta-feira, 7 de junho de 2012

Busca do equilíbrio interior



A partir do próximo dia 15, Isoláquio, se Deus assim o permitir, representará a Fraternidade do Quilo em algumas instituições do Rio de Janeiro, da Holanda e da Alemanha.

Está prevista uma palestra no GEON - Grupo Espírita O Nazareno, localizado na cidade de Enschede - Holanda. A palestra será em português, mas será acompanhada por Mateus Heezen, espírita residente na Holanda, que possui dupla nacionalidade - brasileira e holandesa, que fará tradução simultânea. Isoláquio propôs incluir na palestra a seguinte vivência:


Por volta de 1989, estive em uma grande cidade brasileira, uma capital de estado, em missão profissional.
Durante as noites e os finais de semana procurava reuniões espíritas. Certa noite, proferi uma palestra na sede da Federação Esírita do Estado a que me refiro, havia poucas pessoas na platéia. Falei sobre o Espiritismo e sobre a campanha do quilo, fiz a divulgação do livro de Elias Sobreira – A Campanha do Quilo ou o Bom Combate.
Um jovem presente, após a reunião interessou-se pela campanha do quilo. Entreguei-lhe um exemplar do livro de Elias Sobreira.
Um ano depois o cidadão a quem eu havia entregue o livro esteve em Recife, entrou em comunicação comigo. Desejava conhecer Elias Sobreira. Dirigimo-nos, após contato telefônico, à residência de Sobreira que, à época, contava mais de setenta anos. O rapaz disse que havia lido o livro e gostaria de fazer a campanha. Sobreira como sempre dirigiu acaloradas palavras de incentivo ao jovem.
Três anos depois voltei à cidade onde residia o leitor do Livro “O Bom Combate”. Ele havia fundado uma instituição espírita especializada na prática do Bem. Uma vez por mês, em um domingo pré-agendado, realizava a campanha do quilo, em outro domingo, também uma vez por mês, reunia em suas dependências os mendigos da rua. Banhava-os, cortava-lhes o cabelo, oferecia roupas, alimentos e instrução moral. Uma vez por semana, reunia os amigos, preparava um caldeirão de sopa e saía distribuindo nas ruas para os pobres.
Quatro anos depois, retornei àquela instituição. Era uma sexta-feira, havia um grupo de pessoas preparando dois caldeirões de sopa, reuniam-se alegremente, conversavam. Explicavam-me que a sopa só ficava preparada por volta das 21 horas. Quando o relógio marcou 21 hs, reuniram-se proferiram uma prece e saíram às ruas com os caldeirões nos porta-malas dos carros dos voluntários, um violão para cantarem com os mendigos e fazerem preces cantadas.
Ajudei a colocar um dos caldeirões em um dos automóveis; uma das voluntárias estava com fome, pegou um recipiente e retirou um pouco de sopa para si. A noite estava esplêndida. Céu estrelado, limpo. Demandamos praças e ruas. Entramos em uma delegacia de polícia, visitamos uma sela superlotada. Falamos aos penitentes de amor, Evangelho e Esperança. Oferecemos sopa. Eles aceitaram. Foi recomendado às voluntárias do sexo feminino que mantivessem distância das selas, de modo a não serem alcançadas pelos detentos.
Fizemos uma oração, prosseguimos nas ruas. Mais adiante em uma praça, os voluntários com mãos dadas formaram um círculo. Convidamos mendigos, para aproximarem-se. Duas pobres jovens que ganhavam a vida vendendo prazeres, andavam nas proximidades; convidâmo-las para participarem da oração e depois da sopa. Umas das jovens usava roupas exageradamente sensuais. Independentemente da posição ou forma de ganhar a vida, recebemos todos como irmãos. Chamou-me a atenção o fato de uma senhora voluntária segurava as mãos de uma daquelas irmãs, daquela mesma que, chamava a atenção pelos seus trajes. Fizemos uma prece, lemos um mensagem, cantamos uma música cristã. Oferecemos sopa que foi aceita pelos necessitados.
Considerei uma bela atitude nessa cidade, localizada em uma região onde havia muitos preconceitos, uma senhora de destaque social, professora universitária, após oferecer-se para distribuir alimentos ao pobres recebe com carinho e naturalidade as irmãs, que por serem vítimas do egoísmo e do sensualismo de nossa sociedade, entregam-se à única forma de sobrevivência que estivera ao seu alcance, o comércio do próprio corpo.

Visitamos diversos mendigos e finalmente chegamos ao local onde a última refeição seria servida. Era uma praça, havia muitos mendigos. Aproximamo-nos deles. O céu estava inspirador, cheio de estrelas; beirava a meia noite. Chamamos os mendigos, distribuímos as sopas, exceto uma jovem pobre, os necessitados receberam a sopa, a quantidade não foi suficiente para atender a todos.

O dirigente da reunião após entoar uma bela canção cuja letra era a oração de São Francisco, pediu que eu lesse a mensagem. Estava diante da jovem que não havia recebido a sopa. Observei-a. Era uma mulher derrotada pelo desprezo e pelo alcoolismo. Possuía uma expressão de inocência. Cabelos desgrenhados, mal tratados, sujos, corpo também mal tratado. Meu coração havia sido tocado de compaixão por aquela mulher. Disse-lhe: eu te ofereço essa mensagem. Antes mesmo que eu começasse a ler a mensagem, um fluxo de lágrimas brotou dos seus olhos. Enquanto lia a mensagem psicografada por Chico Xavier ela baixava a cabeça e chorava silenciosamente. Ao terminar a leitura, perguntei se poderia dar-lhe um abraço fraterno. Ela consentiu, abraçei-a. Ela chorou mais e me agradeceu. Não pude ofertar nada para ela exceto o abraço fraterno e a leitura da mensagem.

Ao encerramento dos trabalhos, pedi carona a um dos trabalhadores; eu estava hospedado em um bairro distante. No dia seguinte meditei: que sensação de felicidade sinto. Todos os meus problemas são pequenos; como a caridade e a beneficência inundam nosso coração de luz e de saúde, e impedem que a tristeza e que todos os distúrbios emocionais, visitem nossos sentimentos!
Por isso disse Jesus:
"Vinde a mim vós todos que vos achais fatigados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o  meu jugo, aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis repouso para vossas almas. Porque, o meu jugo é suave e o meu fardo é leve." MATHEUS - Cap. XI v. 28-30.

Obrigado Jesus.

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