sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

TRANSFORMAÇÃO MORAL - III






Autoconhecimento

Podemos observar em nosso ser psíquico, mental e emocional duas formas de ação: uma que se constitui em resultado de operações racionais e conscientes. Outra que é fruto de reação a estímulos; manifestações de emoções e instintos são provocadas e funcionam independentemente de nossas deliberações conscientes e, por isso, muitas vezes as interpretamos como incontroláveis.

Essas reações que parecem escapar ao nosso controle são resultados de disposições que vivem e operam à revelia da nossa consciência normal, são resultados de atos praticados, muitas vezes repetidamente, nesta ou em outras reencarnações (vide apendice à essa séria de artigos). Tais ações podem criar condicionamentos indesejáveis. Esses condicionamentos porém podem ser modificados por ação repetida e persistente no bem, resistência ao mal que emana de nós mesmos, ações nobilitantes e frequentes.

As considerações acima servem para entendermos mecanismos psicológicos e preceitos gerais aplicados ao ser humano em geral. Precisamos levar em conta esses aspectos e acrescentar em nossas reflexões outros aspectos que dizem respeito à nossa individualidade. Breves indicações a esse respeito podemos encontrar em O Evangelho Segundo o Espiritismo no Cap X item 10:

Uma das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar: Que pensaria eu, se visse alguém fazer o que faço? Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais, quanto físicos.”

Quais os melhores processos

Cabe indagar quais os melhores processos existentes para efetivarmos a Transformação Moral. A solução dessa questão encontra-se nas perguntas e respectivas respostas 919 e 919-a de O Livro dos Espíritos. Apreciemos alguns trechos da resposta do espírito Santo Agostinho:

919. Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e
de resistir à atração do mal?

Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”

a) - Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está
precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?

Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por utrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?”

Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.

[...] Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. [...]

Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. [...] Com este
objetivo é que ditamos O Livro dos Espíritos.”

Vamos reler no próprio Livro dos Espíritos, vez por outra essas considerações são preciosas e contém roteiro seguro para a melhoria moral.

Um teste importante, sugerido por Divaldo Franco em uma palestra proferida em Recife em 2007 é pensar nas próprias ações, intenções, sentimentos e aplicar o preceito do Cristo: “Não façais aos outros o que não gostaria que vos fosse feito”.

Podemos, além das recomendações dos itens mencionados, acrescentar medidas adotadas por outros missionários do Bem, como o processo de melhoria moral, praticado por exemplo por Benjamin Franklin (vide InnerTransformation de Jussara Korngold e Autobiografia de Benjamin Franklin).

Providência importante é anotar para si mesmo os defeitos, fraquezas, vícios que presisam ser corrigidos. Essas anotações facilitam o diálogo com a própria consciência, com o Anjo Guardião e com Deus. Não precisam ser divulgados, entendemos mesmo que tais anotações devem ser acessíveis somente ao interessado, ao que está trabalhando o autoconhecimento.

Esse processo começa com a busca do Autoconhecimento. Avança com a identificação de equívocos e erros que cometemos. Prossegue com a reflexão estudo das causas e consequências desses erros. Avança para a construção de um programa de reparação, porque todos os erros podem ser reparados, todo o defeito pode e deve ser consertado.

Trata-se de um trabalho individual, mas que pode e deve ser facilitado por instituições de educação como entidades espíritas que podem promover seminários, cursos e treinamentos sobre esse tema essencial.



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