Autoconhecimento
Podemos
observar em nosso ser psíquico, mental e emocional duas formas de
ação: uma que se constitui em resultado de operações racionais e
conscientes. Outra que é fruto de reação a estímulos;
manifestações de emoções e instintos são provocadas e funcionam
independentemente de nossas deliberações conscientes e, por isso,
muitas vezes as interpretamos como incontroláveis.
Essas
reações que parecem escapar ao nosso controle são resultados de
disposições que vivem e operam à revelia da nossa consciência
normal, são resultados de atos praticados, muitas vezes
repetidamente, nesta ou em outras reencarnações (vide apendice à
essa séria de artigos). Tais ações podem criar condicionamentos
indesejáveis. Esses condicionamentos porém podem ser modificados
por ação repetida e persistente no bem, resistência ao mal que
emana de nós mesmos, ações nobilitantes e frequentes.
As
considerações acima servem para entendermos mecanismos psicológicos
e preceitos gerais aplicados ao ser humano em geral. Precisamos levar
em conta esses aspectos e acrescentar em nossas reflexões outros
aspectos que dizem respeito à nossa individualidade. Breves
indicações a esse respeito podemos encontrar em O Evangelho Segundo
o Espiritismo no Cap X item 10:
“Uma
das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o mal de outrem,
antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a si mesmo,
fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho,
pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio,
considerar-se como outra pessoa e perguntar: Que pensaria eu, se
visse alguém fazer o que faço? Incontestavelmente, é o orgulho que
induz o homem a dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto
morais, quanto físicos.”
Quais
os melhores processos
Cabe
indagar quais os melhores processos existentes para efetivarmos a
Transformação Moral. A solução dessa questão encontra-se nas
perguntas e respectivas respostas 919 e 919-a de O Livro dos
Espíritos. Apreciemos alguns trechos da resposta do espírito Santo
Agostinho:
919.
Qual o meio prático
mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e
de
resistir à atração do mal?
“Um
sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te
a ti mesmo.”
a)
- Conhecemos toda a
sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está
precisamente
em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?
“Fazei
o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a
minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim
mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para
de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que
em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse
todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo
o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de
guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se
aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a
vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com
que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se
fizestes alguma coisa que, feita por utrem, censuraríeis, sobre se
obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda
mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que
temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos,
onde nada pode ser ocultado?”
“Examinai
o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo
e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o
descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que
precise ser curado.
[...]
Procurai também saber o que
dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos
vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a
verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho,
a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um
amigo. [...]
“Formulai,
pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não
temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para
conquistar uma felicidade eterna. [...] Com
este
objetivo
é que ditamos O
Livro dos Espíritos.”
Vamos
reler no próprio Livro dos Espíritos, vez por outra essas
considerações são preciosas e contém roteiro seguro para a
melhoria moral.
Um
teste importante, sugerido por Divaldo Franco em uma palestra
proferida em Recife em 2007 é pensar nas próprias ações,
intenções, sentimentos e aplicar o preceito do Cristo: “Não
façais aos outros o que não gostaria que vos fosse feito”.
Podemos,
além das recomendações dos itens mencionados, acrescentar medidas
adotadas por outros missionários
do Bem, como o processo de melhoria moral, praticado por exemplo por
Benjamin Franklin (vide InnerTransformation de
Jussara Korngold e Autobiografia
de Benjamin Franklin).
Providência
importante é anotar para si mesmo os defeitos, fraquezas,
vícios que presisam ser corrigidos. Essas anotações facilitam o
diálogo com a própria consciência, com o Anjo Guardião e com
Deus. Não precisam ser divulgados, entendemos mesmo que tais
anotações devem ser acessíveis somente ao interessado, ao que está
trabalhando o autoconhecimento.
Esse
processo começa com a busca do Autoconhecimento. Avança com a
identificação de equívocos e erros que cometemos. Prossegue com a
reflexão estudo das causas e consequências desses erros. Avança
para a construção de um programa de reparação, porque todos os
erros podem ser reparados, todo o defeito pode e deve ser consertado.
Trata-se
de um trabalho individual, mas que pode e deve ser facilitado por
instituições de educação como entidades espíritas que podem
promover seminários, cursos e treinamentos sobre esse tema
essencial.
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